segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

ADEUS DELABY!... ADEUS CAVANNA!...

Ainda o novel ano de 2014 está a gatinhar e, já em Janeiro, partiram para a viagem sem regresso dois grandes valores da Banda Desenhada: o belga Philippe Delaby, a 28, e o francês François Cavanna, a 29...


Philippe Delaby (1961-2014)
PHILIPPE DELABY nasceu em Tournai a 21 de Janeiro de 1961. Tinha oito anos quando seu pai lhe ofereceu o primeiro álbum de Banda Desenhada: "Tintin au Congo". Desde então as histórias aos quadrinhos não o deixaram mais. Aos 14 anos começa a frequentar a Escola de Belas-Artes de Tournai. Fascinado por Ingres e pela pintura flamenga, dedica-se a fazer quadros a óleo. Mas a BD está colada a ele. E, em 1987, estreia-se na revista "Tintin". A carreira prossegue, imparável, tendo recebido vários prémios, empenhando-se sobretudo por temas históricos.
Na sua bem notável bibliografia, contam-se as séries "Complainte des Landes Perdues" (apenas os tomos 5, 6 e 7, pois os quatro primeiros foram desenhados por G. Rosinski)...
Capa e prancha de "Complainte des Landes Perdues"

...e "Murena", espantosa e magnífica narrativa localizada na antiga Roma do imperador Nero, já com nove tomos, todos também publicados em português, sob edição Asa.
Será que, devido ao seu inesperado falecimento, por paragem cardíaca, a série fica por se concluir? Ou o argumentista Jean Dufaux e a editora Dargaud vão apostar na continuação, mesmo que já não seja com o brilhantismo do desenhista original?
Capa e prancha de "Murena"

Na bibliografia de Delaby, contam-se ainda primorosos "álbuns únicos" como "Arthur au Royaume de l'Impossible", "Bran", "Highlanders" e "Richard Coeur de Lion". 
"L'Étoile Polaire" foi uma série abandonada...
Capas de "Bran" e "L'épée et la croix"


François Cavanna (1923-2014)
FRANÇOIS CAVANNA nasceu em Nogent-sur-Marne (França) a 22 de Fevereiro de 1923. 
Vindo de uma família humilde, cedo se interessou pela leitura e pela ilustração. 
Foi jornalista, argumentista, tradutor e desenhista. Com uma delirante filosofia um tanto anarca, era um frontal crítico nos seus sarcasmos e mordacidades. Talentoso e seguro de si, nada temia. 
Estreou-se como jornalista em 1945. Em 1949, torna-se desenhista humorístico. E, em 1960, com alguns companheiros, funda a irreverente revista erótico-satírica "Hara-Kiri" que, em 1970, dá lugar ao famoso "Charlie Hebdo".
Desenhos de Cavanna - Logotipo da revista "Hara-Kiri"
e capa de um número de "Charlie Hebdo"

Cavanna escrevia sempre à mão. Escrevia e, claro, desenhava. Foi resistindo até ao fim, às diabruras amargas da Doença de Parkinson. Mesmo assim, não foi esta que o levou, mas sim, as consequências de uma fractura no fémur e a complicações pulmonares. E brincou até ao fim, pois terá pedido como último desejo, salsichas e uma cerveja...

Descansem em paz, Delaby e Cavanna!

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