quarta-feira, 16 de abril de 2014

ENTREVISTAS (14) - JOSÉ GARCÊS

José Garcês
José dos Santos Garcês, ou seja, mestre JOSÉ GARCÊSnasceu em Lisboa a 23 de Julho de 1928 e, ainda no activo, é hoje o decano dos nossos desenhistas. 
Cursou na Escola António Arroio de Lisboa.
Para além da sua vasta e admirável obra pela Banda Desenhada, é um notável ilustrador e um meticuloso elaborador de construções de armar (Mosteiro da Batalha, Torre de Belém, Mosteiro dos Jerónimos, etc.)


Construções de armar de Garcês,
in "Passatempos 2" (Ed. SEL - Sociedade Editorial, meados dos anos 70) 

Na região da Amadora, onde reside, há uma escola e uma avenida que, merecidamente, têm o seu nome.
Garcês homenageado em Moura, em 1995
Foi homenageado nos Salões de Sobreda, Moura, Viseu, Lisboa, Porto e Amadora. Falta aqui o de Beja e disso lhe perguntámos: "Beja?!... Não, Beja nunca me convidou".
A sua BD espalha-se pelos mais diversos periódicos, havendo muitas criações suas por recuperar e salvaguardar em álbum, donde títulos como "Viriato", "O Sargento-Mor de Vilar", "Xan Tung", "Caramuru", "O Terrível Espadachim", "Rumo ao Oriente", "Os Cavaleiros de Almourol", "Palo Quiri", "A Dama Pé-de-Cabra" e tantas e tantas mais.
"O Sargento-Mor de Vilar" que estreou, em 1956, no Cavaleiro Andante
Prancha 2 de "A Dama Pé-de-Cabra" (revista Tintin, n.º 29, de 29 de Novembro de 1980)

Deu cursos de Banda Desenhada em Lisboa e nos Açores.
Álbuns com criações suas, há bastantes, como por exemplo: "Através do Deserto", os quatro volumes de "A História de Portugal em BD" (com uma edição em francês), "Bartolomeu Dias" (com uma edição em inglês), "Eurico, o Presbítero" (esgotado),  "Jardim Zoológico de Lisboa -125 Anos", "O Lince Ibérico", "O Tambor / A Embaixada", "História de Faro", "História de Olhão", "História da Guarda", "História de Oliveira do Hospital", "História de Ourém", "História do Porto" e "Cristóvão Colombo" (em dois tomos).
Prancha de "Através do Deserto"

Participou no álbum colectivo "Salúquia", editado pela Câmara Municipal de Moura. 
Duas (de três) pranchas de "A Lenda da Moura Salúquia", do álbum colectivo
"Salúquia: a Lenda de Moura em Banda Desenhada" (Ed. da C.M. Moura, 2009)

Por sua vez, em mini-álbuns (esgotados) foram recuperadas as histórias "O Falcão" (em "Cadernos de Banda Desenhada, Ed.Catarina Labey) e "Picaroto, o Baleeiro / Zé Miúdo" (em "Cadernos SobredaBD", Ed. Grupo Bedéfilo Sobredense). 


"O Falcão" ("Cadernos de Banda Desenhada" - Ed. Catarina Labey, 1987)

Este é um panorama geral e necessariamente resumido, da vida e obra deste grande mestre da 9.ª Arte Portuguesa. E agora, a entrevista:


BDBD - Sendo o decano dos nossos desenhistas, o que tem a dizer ante tal "estatuto"?
José Garcês (JG) - Olhe, eu consegui fazer quatro áreas distintas para uma editora do Porto... Por aqui e ante tanta coisa que fiz, penso que tenho "o serviço arrumado". Pouco mais poderei ou terei de fazer...


BDBD - E as obras traduzidas para outros idiomas?
JG - Foram os quatro tomos da "História de Portugal em BD", em francês, e uma edição, em inglês, de "Bartolomeu Dias". Que eu saiba, nada mais.

BDBD - Porque deixou a ficção?
JG - Não, não abandonei a ficção, mas... num plano geral pela BD, prefiro a linha documental, sobretudo os temas ecológicos.

BDBD - Creio que preparava os álbuns sobre "A História de Silves", "Santo António" e "A História de Moura". Como estão estes seus entusiasmos?
JG - Silves e Santo António, estão prontos... mas a "marinar". Moura... acho que está ainda "no ovo". O caso de Silves depende da respectiva Câmara. O "Santo António", também depende da Câmara de Lisboa, mas estou a procurar outros prováveis apoios.

BDBD - Que pensa das novas gerações da nossa BD?
JG - As jovens gerações, e não só, andam muito inflamadas com o computador. O computador "resolve" tudo. Quando pessoal como eu trabalha com o lápis, a pena e o pincel, recuso-me ao computador. O traço manual marca a personalidade do artista. O computador não tem essa personalidade. Aceitei as novas tecnologias, onde o computador faz, de facto, coisas
maravilhosas, mas onde não há "aquela alma" que o traço manual regista. Com o computador perde-se o traço característico de cada artista.

BDBD - A BD Portuguesa está em crise?
JG - O País está em crise... A BD do nosso País reflecte-se nessa mesma crise.

BDBD - Finalizando por hoje e agora, quais são os seus próximos projectos?
JG - (risos)Que boa pergunta!... Projectos há, de acordo com a minha idade e na ideia de fazer alguma coisa de jeito, pois... Olhe, enquanto eu puder e me deixarem fazer, terei  muito gosto em não desiludir os meus leitores. É tudo muito problemático...
LB


in "Passatempos 2" (Ed. SEL - Sociedade Editorial, meados dos anos 70)


in "Passatempos 2" (Ed. SEL - Sociedade Editorial, meados dos anos 70)


Prancha de "Palo Quiri"
Prancha de "Eurico, o Presbítero"
"José Garcês: as Fases Diversas", de Leonardo De Sá e António Dias de Deus
(Coleccção Nonarte - Ed. Época de Ouro, 2002)

"História de Faro em BD" (Edições Asa, 2005)


"História de Pinhel - Falcão, Guarda-Mor de Portugal" (Âncora Editora, 2004)


"Lince Ibérico: a sua História em Portugal" (Ed. Liga Para a Protecção da Natureza, 2011)


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