quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

EVOCANDO (17)... JACQUES MARTIN

Nota Prévia: nesta segunda fase da nossa rubrica “Evocando”, só ocasionalmente focaremos alguns talentos estrangeiros, atendendo a que vieram pela primeira vez a Portugal ao Salão Internacional Sobreda-BD (1982-2006), do qual eu era o fundador e coordenador. Tudo bem?...


Jacques Martin (1921-2010)
Pois hoje, 21 de Janeiro de 2016, evoca-se precisamente o sexto ano sobre o falecimento do grande senhor da Banda Desenhada que foi e é, mestre Jacques Martin. Nasceu em Estrasburgo (França) a 25 de Setembro de 1921 e faleceu a 21 de Janeiro de 2010 em Orbe (Suíça).
Esteve pela primeira vez em Portugal, para ser homenageado, no salão “Sobreda-BD /1990”. Voltou mais tarde, fugazmente, para uma exposição em Lisboa e depois, para uma das edições do Festival-BD da Amadora.
Seu desporto favorito era o esqui na neve. Tinha residências na Bélgica e na Suíça.
Muito afável e também irónico, a sua arte espalha-se por ilustrações soltas, cenografia teatral, aspectos da guerra, publicidade e, sobretudo pela Banda Desenhada, como argumentista e como desenhista. Chegou a usar os pseudónimos Jam Marleb.
Capa e prancha de "Le Hibou Gris", onde Jacques Martin usa o pseudónimo "Marleb"

Investigador de diversas épocas da História, por aqui se dedicou apaixonadamente pela Grécia, Roma e Egipto. Foi grande colaborador de Hergé, donde o ter redesenhado o álbum “O Vale das Cobras” da série “Jo, Zette et Jocko” e de ter criado situações hilariantes em diversas aventuras de “Tintin”.
Hergé e Jacques Martin
Da sua invejável obra em BD, contam-se as séries “Alix”, com dezenas de tomos, dos quais terá desenhado apenas dezanove; “Lefranc”, com cerca de trinta tomos, dos quais apenas desenhou os três primeiros; “Orion”, breve série ainda em aberto, da qual desenhou os dois primeiros tomos.
E onde foi apenas argumentista, as séries “Jhen” (que se chamava “Xan”, na primeira versão dos dois primeiros tomos), “Arno”, “Kéos” e “Loïs”.
Mas há obras suas, anteriores, que se notabilizam na sua bibliografia: “Le Hibou Gris”, “La Cité Fantastique”, “Histoire d’Alsace”, a curta série “Oeil de Perdrix”, “Monsieur Barbichou”, “Lamar, l’Homme Invisible”, “Sept de Trèfle”, etc.
Criou uma série pedagógica servindo-se dos seus heróis principais: Alix, Lefranc, Jhen, Loïs, Orion... Destes, na série “Les Voyages de Loïs”, dedicou um tomo ao nosso país, “Le Portugal”, que foi ilustrado pelo nosso Luís Diferr, contando com uma edição em português.
Capa e prancha de "La Cité Fantastique", da série Clark Pilote d'Essai

Duas capas de Alix, a mais famosa criação de Jacques Martin

Capas de "Le Lac Sacré" (da série Orion) e de "Chesapeake" (da série Arno,
onde Martin participou apenas como argumentista)

Das homenagens e prémios que recebeu, contam-se: em 1979, o Prix Saint Michel em Bruxelas, pelas séries “Alix”, “Lefranc” e "Jhen”; 2003, Grand Prix Saint Michel; 2005, recebeu a Comenda de Cavaleiro da Ordre des Arts et des Lettres, que lhe foi agraciada pelo então ministro da cultura francês, Jack Lang; 2005, Prix Crayon d’Or , no 22.º festival de Banda Desenhada de Middelkerke (Bélgica). Das muitas obras (ensaio, estudos, entrevistas, etc) que lhe têm dedicado, salienta-se o volume “Avec Alix, l’Univers de Jacques Martin” por Thierry Groensteen e Alain De Kuyssche, que em 2002 teve uma reedição pela Casterman.
Através dos seus heróis, Jacques Martin registou com perícia e paixão, diversas épocas da História: Antiguidade Clássica (Alix, Kéos Orion), Idade Média (Jhen), “Século das Luzes” (Loïs), Era Napoleónica (Arno) e, a actualidade, com Lefranc.
Não desejou que a sua obra morresse com ele e foi fazendo escola, donde se salientam discípulos como Jean Pleyers, Christophe Simon, Rafael Morales, Gilles Chaillet, Jacques Denoël, Marc Henniquiau e outros mais, tendo havido ainda a colaboração ocasional de Roger Leloup e de André Juillard.
Em português, na versão álbum, foram publicados alguns tomos da séries Alix, Lefranc, Kéos Arno.
LB


Capa de "Le Mystère Borg", da série Lefranc


Capa de "Le Cobra", da série Keos, com desenhos de Jean Pleyers e argumento de Jacques Martin
Capa do álbum "Le Portugal", com desenhos do português Luís Diferr
Prancha de "Le Fils de Spartacus", da série Alix
A admirável Arte de Jacques Martin num belíssimo esboço para a série Alix

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